O ombro é uma articulação complexa e é aquela que apresenta maior eixo de movimento, podendo executar movimentos simples ou conjugados.

Para que todos estes movimentos ocorram de uma maneira normal é indispensável a integridade muscular, óssea, tendinosa e articular.

Nesta articulação participam três ossos: a clavícula, o úmero e a omoplata. Para além disso, a relação da omoplata com a grade costal é importante para a mobilidade do ombro, sendo estabilizada fundamentalmente por músculos que trabalham de forma coordenada para este efeito.

Os movimentos do ombro são assegurados por potentes músculos: o deltoide, que recobre a superfície do ombro, os músculos peitorais e grande dorsal e os músculos da coifa dos rotadores, mais profundos e que têm funções específicas na mobilidade.

 

Sintomas

A dor no ombro é o sintoma mais frequente e pode ter certos padrões mais típicos de determinadas patologias. Por exemplo, a dor noturna sentida na região da frente ou mais lateral, associa-se muitas vezes a tendinites ou roturas da coifa dos rotadores. Por outro lado, uma dor que pode persistir durante o dia na região mais superior e com irradiação da zona cervical pode relacionar-se com contraturas da musculatura em volta do ombro, como o trapézio ou o peitoral. A dor que surge logo de manhã e alivia ao longo do dia pode ter uma causa inflamatória, como a artrite reumatoide.

A rigidez do ombro é outro sintoma comum, que se caracteriza pela perda da mobilidade ativa e passiva, muitas vezes acompanhada de crepitações ou sensação de bloqueio. A rigidez pode ser confundida com a limitação da mobilidade causada pela dor, ou pela incapacidade de mobilização ativa devido a roturas tendinosas que levam à perda da elevação do braço.

A instabilidade é o oposto da rigidez. Este sintoma manifesta-se pela sensação de que o ombro pode sair da articulação, podendo mesmo acontecer em diferentes circunstâncias, em caso de luxação. Manifestações mais subtis da instabilidade também podem acontecer, como uma dor inespecífica e profunda, sensação de adormecimento do braço ou cansaço mais fácil com os movimentos do ombro.

 

Quais as lesões do ombro mais frequentes?

As lesões do ombro são comuns e podem ter várias causas. As mais frequentes relacionam-se com os tendões da coifa dos rotadores, quer as tendinites ou roturas degenerativas, quer a tendinite calcificante. A artrose do ombro (primária ou secundária) é outra causa comum de dor e limitação funcional e caracteriza-se pela perda progressiva da cartilagem articular. Outros problemas podem dever-se a traumatismos ou esforços excessivos com o ombro, como as fraturas do úmero proximal e da clavícula, as luxações do ombro e acromioclaviculares ou as roturas traumáticas da coifa dos rotadores.

 

Diagnóstico

A avaliação por um médico ortopedista especializado em cirurgia do ombro ajudará a definir as principais hipóteses e quais os meios de imagem mais adequados para o diagnóstico de cada paciente. De uma forma geral, o estudo inicial consiste numa radiografia do ombro com incidências apropriadas às suspeitas diagnósticas em causa. Este exame é normalmente complementado com métodos de imagem mais avançados. Apesar da ecografia ser útil para as lesões tendinosas do ombro, a ressonância magnética tem uma maior precisão para caracterizar as lesões dos tendões, ligamentos e cartilagem. Além disso, pode ajudar a perceber o prognóstico de determinadas lesões, em caso de tentativa de reparação.

A tomografia axial computadorizada (TAC) é útil em situações de trauma ou quando se pretende um estudo aprofundado das estruturas ósseas, como a artrose. Atualmente, os métodos de reconstrução 3D permitem reproduções muito fiáveis da anatomia e permitem mesmo desenvolver soluções de navegação ou simulação de colocação de implantes, quando necessário.

 

Tratamento

O tratamento conservador com recurso à analgesia e fisioterapia dirigida a cada paciente pode ser a primeira linha para uma grande parte destas lesões. Podem ainda acrescentar-se infiltrações ou outras técnicas que visam reduzir a dor e incapacidade, incluindo preparados que estimulam a regeneração, como o plasma rico em plaquetas.

Para algumas patologias, o tratamento mini-invasivo com recurso à artroscopia (videocirurgia) permite reconstruir as estruturas lesadas e uma recuperação mais rápida e com menos dor, através de pequenas incisões na pele.

Certas lesões traumáticas ou situações de artrose mais avançada podem necessitar de cirurgia aberta convencional com utilização de próteses articulares ou implantes para fixação dos fragmentos.

Os avanços da tecnologia têm permitido o desenvolvimento de soluções cada vez mais personalizadas e individualizadas para cada paciente, menos invasivas e com melhores resultados.

 

Prevenção

A prevenção das lesões do ombro adequa-se sobretudo àquelas que se devem a sobrecarga ou esforços excessivos, em contexto profissional, desportivo ou outras atividades. A realização de movimentos repetitivos, sobretudo com os braços acima da cabeça, deve ser complementada por programas de exercício de reforço muscular e coordenação que minimizem a sobrecarga. Em determinados desportos que requerem lançamento, é também importante o trabalho da musculatura das costas, abdominal e das ancas, para que todo o movimento seja coordenado e realizado a partir de uma base estável.

As doenças inflamatórias que atingem o ombro, como a artrite reumatoide, podem poupar esta articulação se forem diagnosticadas numa fase inicial e houver uma boa resposta ao tratamento implementado.

As lesões traumáticas, apesar de imprevisíveis, podem ser minimizadas em indivíduos mais velhos. A terapêutica anti-osteoporótica e a manutenção de uma boa condição física para a prevenção de quedas podem reduzir a probabilidade de fraturas do úmero proximal e outras fraturas na região do ombro que atingem frequentemente estas faixas etárias.