Bullying: aprenda a atuar perante este comportamento

Bebés e crianças
5 mins leitura

Compreender melhor o bullying, identificar os seus diferentes tipos e estar consciente das suas consequências é fundamental para o detetar.

O bullying é um tipo de comportamento agressivo caraterizado por atos voluntários, repetidos ao longo do tempo e sem motivação evidente. Pode ser praticado por um indivíduo ou por um grupo (agressor/bullie), numa relação de desequilíbrio de poder, em que a vítima (ou vítimas) é o alvo. Geralmente, ambas as partes pertencem à mesma turma, escola ou têm alguma característica em comum, como a mesma idade. A violência nem sempre é física e pode passar despercebida, a menos que saiba ler os sinais. Aprenda a identificar possíveis casos.

 

Tipos de bullying

A violência pode ser direta, de forma física ou verbal, através de insultos ou comentários depreciativos contra a pessoa e/ou família. Existem também formas indiretas de bullying, como o abuso psicológico, que podem levar ao isolamento social, através de difamação e humilhação.

  • Físico: envolve violência física, como agredir, amarrar, empurrar, cuspir, roubar dinheiro ou outros bens pessoais, rasgar roupa ou estragar objetos.
  • Sexual: pode implicar insultar ou fazer comentários de natureza sexual e obrigar à prática de atos de índole sexual.
  • Verbal: pode passar por chamar nomes, gritar, ameaçar, gozar e fazer comentários negativos ou humilhantes.
  • Social: deixar a pessoa de fora em trabalhos de grupos e/ou jogos, inventar mentiras ou espalhar rumores, boatos ou comentários negativos ou humilhantes.
  • Cyberbullying: com o uso das novas tecnologias e da internet, tornou-se um dos tipos de bullying mais recorrente. Carateriza-se pela utilização de chats, redes sociais e blogues para espalhar informação falsa, assediar/perseguir, incomodar e insultar.
  • Homofóbico: é motivado pelo preconceito face à orientação sexual (por exemplo, homossexualidade) ou identidade de género da vítima (por exemplo, transexualidade) e pode envolver revelar a terceiros segredos acerca da sua sexualidade da vítima.

 

O perfil do agressor

É frequente que quem agride seja mais forte ou esteja em maior número que a vítima - por exemplo, um grupo de colegas.

Existem algumas características comportamentais que aumentam a probabilidade dos sujeitos se tornarem agressores/bullies: o facto de manifestarem pouca empatia e/ou incapacidade de se colocarem no lugar do outro e/ou terem uma personalidade tendencialmente mais autoritária e com forte necessidade de controlar.

Diversas investigações salientaram que crianças/jovens agressivos têm grande probabilidade de, a longo prazo, se tornarem adultos com comportamentos antissociais e/ou violentos.

 

Quando o bullying acontece na escola

Os contextos onde pode ocorrer bullying são, mais frequentemente, as escolas. No entanto, também pode acontecer no trabalho, na interação com vizinhos, em contexto militar ou até mesmo político.

Em situações críticas, nomeadamente na escola, existem alguns fatores que poderão aumentar a probabilidade de uma criança ou jovem ser vítima de bullying. Muitas vezes, a vítima tem uma característica que a torna mais frágil, como ser insegura, calada ou isolada. Pode também ter alguma característica diferente das restantes crianças, por exemplo, a nível físico (usar óculos, ser mais baixa ou mais alta, vestir-se de maneira diferente), bem como níveis elevados de ansiedade, medos ou fobias.

 

O impacto do bullying na vítima

É comum as vítimas de bullying terem vergonha de contar o que se está a passar, por terem receio de retaliações caso o agressor descubra, mas também por acharem que ninguém vai acreditar no que estão a dizer.

A nível da autoestima, este tipo de violência pode ter repercussões severas: estas crianças podem vir a sofrer de problemas psicológicos a longo prazo, como a depressão, e até cometer atos de automutilação. Em casos extremos, o bullying poderá conduzir o jovem a cometer suicídio.

São frequentes os problemas de relacionamento e de competências sociais, podendo desenvolver-se comportamentos de adição, como o abuso de drogas e de álcool. Pela ansiedade gerada, a crianças somatiza, podendo apresentar vários sintomas físicos, principalmente a nível alimentar e do sono.

 

Aprenda a detetar os sinais

Existem algumas alterações na forma de ser ou até a nível físico que podem indicar se o seu filho está a ser vítima de bullying, tais como:

  • Medo de ir à escola e fazer de tudo para faltar (por exemplo, fingir que está doente)
  • Descer as notas escolares
  • Afastar-se dos amigos
  • Perder vontade de fazer coisas que adora, como andar de bicicleta
  • Dificuldade em adormecer, acordar durante a noite e ter pesadelos frequentes
  • Perda de apetite
  • Dores de barriga, enjoos, tonturas
  • Dores de cabeça
  • Suores
  • Batimento cardíaco acelerado

 

Como atuar em caso de bullying?

As vítimas devem sempre contar a um amigo ou colega da sua confiança, que, pela sua presença, pode ajudar a que se sintam mais protegidas.

A melhor forma de um amigo ajudar uma vítima é apoiando e incentivando a pessoa a contar a alguém, como os pais, professores ou outros profissionais, compreendendo que ela possa não querer fazê-lo. Se presenciar ou tiver conhecimento de uma situação deste tipo também deve denunciá-la.

Em termos de intervenção em contexto escolar, a abordagem mais promissora e com possibilidade de obter melhores resultados a longo prazo e com melhor rácio custo-benefício, é uma intervenção de carácter integrativo e compreensivo, onde devem estar envolvidos a(s) vítima(s), o(s) agressor(es), os pais/figuras parentais e os educadores/professores. Neste âmbito, deve-se trabalhar numa perspetiva não só de intervenção como também, e fundamentalmente, de prevenção.

Publicado a 09/01/2014