Suplementos no desporto: quais os riscos?

Desporto
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A toma indiscriminada de suplementos vitamínicos pode acarretar diversos riscos. É por isso que nunca deve ser feita sem acompanhamento especializado.

Os suplementos vitamínicos são preparados de nutrientes disponibilizados sob a forma de pastilhas, pós ou xaropes e tomados como complementos à alimentação e, em Portugal, são produtos de venda livre.

Os suplementos nutricionais permitem corrigir deficiências nutricionais que ocorrem em casos específicos, como a toma de determinados medicamentos, mas se usados de forma indiscriminada podem representar riscos para a saúde.

 

Funções essenciais dos suplementos vitamínicos

As vitaminas e minerais são micronutrientes, isto é, nutrientes que, apesar de não fornecerem energia, têm funções específicas indispensáveis ao bom funcionamento do organismo, define a Associação Portuguesa de Nutricionistas.

Enquanto as vitaminas atuam como reguladores das proteínas, dos hidratos de carbono e do metabolismo das gorduras, os minerais, atuando juntamente com as enzimas, são fundamentais para o metabolismo energético, explica o American College of Sports Medicine (ACSM).

 

Os riscos dos excessos dos suplementos vitamínicos

À semelhança do que acontece com os macronutrientes - hidratos de carbono, proteínas e lípidos ou gorduras -, também para os micronutrientes existem doses diárias recomendas (DDR). As DDR são valores de referência, abaixo dos quais o organismo fica em carência nutricional. No entanto, ultrapassá-los também é perigoso, já que as vitaminas e/ou minerais em excesso podem ser tóxicos.

Segundo o ACSM, o consumo de suplementos vitamínicos e minerais em doses que excedem as DDR por parte de pessoas bem nutridas pode ter efeitos adversos. Por exemplo, a ingestão prolongada de doses elevadas de ácido ascórbico (vitamina C) pode resultar em formação de pedras nos rins, diminuição do tempo de coagulação e problemas gastrointestinais, entre outros distúrbios fisiológicos; o excesso de zinco induz uma deficiência secundária de cobre e faz diminuir a concentração do "bom" colesterol (HDL).

 

O caso dos atletas

Embora reconheça que a prática de atividade física pode aumentar a necessidade de algumas vitaminas e minerais, o ACSM frisa que a generalidade das pessoas pode obter a dose necessária através de uma alimentação variada e equilibrada - o que, no caso português, corresponde a respeitar as indicações da Roda dos Alimentos.

Assim, apenas quem adota, de forma prolongada, uma dieta de baixo aporte energético, está em risco de desenvolver uma deficiência nutricional de vitaminas e/ou minerais, podendo beneficiar da toma de um suplemento vitamínico.

Mas, mesmo que haja uma deficiência nutricional evidente, refere a mesma fonte, não existem evidências científicas que apoiem o uso generalizado de suplementos para melhorar o desempenho atlético.

 

Recomendações aos desportistas

Em pessoas saudáveis, o uso de suplementos vitamínicos e minerais deve ser encarado de forma criteriosa, se é que deve ser de todo considerado, frisa o ACSM. Os desportistas profissionais, devido ao interesse em maximizar o seu desempenho físico, poderão procurar usar suplementos, mas devem estar cientes dos seguintes pontos críticos e aconselhar-se sempre, previamente, com um especialista em Medicina Desportiva:

  • Para otimizarem o aporte de vitaminas e minerais, os atletas devem adotar uma alimentação variada; se já adotarem uma dieta nutricionalmente equilibrada, o seu desempenho não irá melhorar por tomarem suplementos; só atletas com deficiência(s) nutricional(ais) definida(s) beneficiarão de uma suplementação com nutrientes.
  • As preocupações sobre a adequação nutricional da dieta devem ser avaliadas por um dietista ou nutricionista credenciado e experiente em aconselhamento de atletas e/ou um especialista de medicina desportiva.
  • É desaconselhada a toma de doses elevadas de vitaminas e minerais, devido à potencial toxicidade e às potenciais interações adversas entre nutrientes.
  • Pessoas fisicamente ativas que usam suplementos vitamínicos e minerais de forma intermitente e como prevenção devem usar produtos que não excedam as DDR de nutrientes essenciais.
Publicado a 19/03/2015