O que é?

É uma das várias substâncias produzidas pelo corpo e é importante para a nossa saúde. Parte do colesterol é produzido pelo nosso organismo - o fígado e outras células produzem cerca de 75% do total - e a outra parte, cerca de 25%, vem da nossa dieta, dos alimentos de origem animal que ingerimos.

O colesterol é um dos fatores de risco mais bem conhecidos para a ocorrência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares.

Em níveis elevados, é responsável por cerca de um terço de todas as doenças cardiovasculares no Mundo, estimando-se que cause 18% do total das doenças cerebrovasculares, 56% do total das doenças isquémicas cardíacas e cerca de 4,4 milhões de mortes, representando cerca de 7,9% do total.

Em relação a Portugal, cerca de 68,5% dos portugueses apresenta valores de colesterol iguais ou superiores a 190 mg/dl. Aproximadamente um quarto dos portugueses apresenta colesterol de risco elevado (>240 mg/dl) e 45,1% apresenta risco moderado (190-239 mg/dl). 

Tipos

De um modo geral, considera-se que existe um “bom” colesterol e um “mau” colesterol. Um desequilíbrio entre eles aumenta o risco de doença coronária, enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC).

HDL: colesterol "bom"

  • O HDL corresponde ao “bom” colesterol, que impede o LDL (“mau” colesterol) de se alojar na parede das artérias, reduzindo o risco de enfarte do miocárdio ou de AVC. 
  • Os níveis ideais de HDL devem ser superiores a 40 mg/dL nos homens e 50 mg/dL nas mulheres.
  • Os níveis de HDL podem ser aumentados através do exercício físico e mediante uma dieta equilibrada. Por vezes, podem ser necessários medicamentos concebidos para aumentarem os seus níveis. 

LDL: colesterol “mau”

  • Quando os seus níveis no sangue são elevados, há um maior risco de estreitamento das artérias, causando doença cardíaca ou cerebral. Essas placas designam-se por aterosclerose. Se ocorrer a formação de um coágulo numa artéria já estreitada por estes depósitos, poderá ocorrer um enfarte do miocárdio ou AVC.
  • Embora o LDL seja produzido pelo organismo, algumas pessoas herdam uma maior tendência para o produzir em grandes quantidades, sendo muito importante modificar o estilo de vida ou, se necessário, procurar apoio médico especializado. O consumo de gorduras e alimentos ricos em colesterol aumenta esse risco. 
  • Os triglicéridos são outra forma de gordura produzida pelo organismo. Os seus níveis podem estar elevados em casos de excesso de peso, inatividade física, consumo de tabaco ou álcool e em dietas ricas em hidratos de carbono. De um modo geral, quem tem níveis elevados de triglicéridos apresenta também níveis elevados de colesterol e de LDL e níveis reduzidos de HDL.

Os valores médios de colesterol são bastante próximos entre homens e mulheres. Verifica-se um aumento do colesterol total com a idade até ao grupo etário dos 45-54 anos, a partir do qual ele parece estabilizar num valor de aproximadamente 220 mg/dl. A percentagem de casos com colesterol de risco elevado nos portugueses com 55 ou mais anos é três vezes superior à dos jovens adultos com menos de 35 anos.

Doenças associadas

Como se referiu, o colesterol elevado é uma das principais causas de doença coronária, enfarte do miocárdio e AVC. Esse risco será ainda maior na presença de hipertensão arterial ou diabetes. Por outro lado, existem diversos fatores que podem aumentar o risco, tais como uma dieta pouco saudável, o tabaco e a hereditariedade. 

Vigilância

Embora o colesterol esteja associado a doenças graves, a sua presença por si só não provoca quaisquer sintomas, o que significa que a única forma possível de se detetarem níveis elevados de colesterol é realizando análises ao sangue. Nessas análises, podem ser quantificados os níveis de LDL, HDL, colesterol total e triglicéridos. 

Como regra, a análise ao colesterol deve ser realizada nos seguintes casos:

  • Presença de doença coronária
  • Doença das artérias periféricas
  • AVC
  • Idade superior a 40 anos
  • História familiar de doença cardiovascular
  • Excesso de peso
  • Hipertensão arterial ou diabetes ou outras doenças que aumentem os níveis de colesterol

O seu médico saberá sempre aconselhá-lo em relação ao momento ideal para realizar estes testes e ajudá-lo a interpretar os seus resultados.

Controlo

O ponto de partida para a intervenção no colesterol envolve o aconselhamento relativo à modificação da dieta, prática de exercício físico, cessação tabágica e alteração de outros aspetos do estilo de vida que aumentam o risco de doença arterial.

  • Alimentação

Na típica dieta ocidental, 35% das calorias provêm da gordura, com um fornecimento de cerca de 400 a 500 mg de colesterol por dia. Os doentes com colesterol elevado devem ser aconselhados a ingerir uma dieta com baixo conteúdo em colesterol e gorduras saturadas. É igualmente importante restringir a ingestão de sal.

As dietas pobres em gordura e com alto conteúdo em fibras solúveis (presentes na cevada, aveia e em frutos e vegetais ricos em pectina) podem ajudar a reduzir as gorduras.

O consumo de margarinas ricas em estanol vegetal também contribui para a redução do “mau” colesterol (LDL) em cerca de 5 a 10%.

  • Medicação

O uso de medicamentos pode ser importante no controlo do colesterol, ajudando a prevenir o desenvolvimento da doença arterial e a estabilizar lesões precoces das artérias. Por outro lado, as lesões obstrutivas podem sofrer reversão clínica após o tratamento agressivo com estes medicamentos. Esta reversão demora entre 6 meses a 2 anos, o que significa que o tratamento com estes medicamentos só será eficaz se for mantido durante longos períodos de tempo.

Os familiares de pessoas com colesterol elevado deverão ser também acompanhados, fazendo análises regulares, tendo cuidado com a dieta e praticando exercício físico, uma vez que poderão apresentar uma condição semelhante.

Fontes

American Heart Association

Sociedade Portuguesa de Cardiologia

Eurotrials; Boletim 23, junho de 2007

Centers for Disease Control and Prevention, julho de 2012