O que é?

É uma forma de doença renal na qual os glomérulos, que filtram os desperdícios do metabolismo e fluidos do sangue, estão danificados.

Pode ser definida como um processo inflamatório, não purulento, bilateral e simétrico que atinge fundamentalmente ou inicialmente os glomérulos renais. Se esta doença não for interrompida, os rins podem deixar de funcionar, instalando-se um quadro de insuficiência renal.

A glomerulonefrite pode ser aguda, quando se desenvolve subitamente, ou crónica. As formas agudas podem ocorrer após uma infeção da garganta ou da pele e, por vezes, melhoram de um modo espontâneo.

A lesão dos glomérulos permite que ocorra perda de sangue e proteína através da urina e é uma importante causa de disfunção renal. 

Nas crianças corresponde a cerca de 27% dos casos e, nos adultos, a cerca de 8%. Em Portugal, alguns estudos apontam esta patologia como causa de doença renal nas crianças em cerca de 20%. Os homens tendem a ser mais atingidos do que as mulheres.

Sintomas

Os sintomas mais comuns são urina com sangue ( escura, cor de ferrugem ou castanha) ou com espuma (pela presença de um excesso de proteínas), inchaço da face, olhos, tornozelos, pés ou abdómen, dor abdominal, sangue nos vómitos ou nas fezes, tosse e dificuldade de respiração, diarreia, aumento no número de micções, febre, sensação de cansaço, perda de apetite, dores musculares e articulares, e hemorragias nasais.

A glomerulonefrite pode evoluir para outras complicações como a síndrome nefrótica aguda, alterações do sangue, doença renal crónica, infeções urinárias de repetição, insuficiência renal terminal, acumulação de fluidos com insuficiência cardíaca ou edema pulmonar, aumento dos níveis de potássio, hipertensão arterial, e maior suscetibilidade a outras infeções.

Causas

Pode resultar de alterações do sistema imunitário mas, com frequência, a causa não é conhecida. Em cerca de 25% dos casos não existe história de doença renal.

A glomerulonefrite pode desenvolver-se rapidamente com perda da função renal em semanas ou meses. São fatores de risco as doenças do sangue ou do sistema linfático, a exposição a solventes químicos, antecedentes de cancro, infeções por estreptococos e por vírus (Heptatite B, citomegalovirus) ou abcessos. Existem outras patologias que aumentam o risco de glomerulonefrite, como a amiloidose, algumas vasculites e poliarterites, a glomerulosclerose focal segmentar, o uso de anti-inflamatórios, a púrpura de Henoch-Schonlein, o lúpus e diversas doenças renais.

Diagnóstico

Como, por vezes, os sintomas se desenvolvem lentamente, o diagnóstico depende da identificação de alterações nos exames à urina, solicitadas durante uma consulta de rotina ou por outro motivo.

As análises ao sangue também são úteis, bem como a presença de sinais de hipertensão arterial. Estas permitem detetar sinais de anemia, alterações nos níveis de albumina e nelas podem ser identificados diversos marcadores de doença renal ou outra. Podem ser solicitadas ainda uma tomografia axial computorizada abdominal ou uma ecografia renal. O diagnóstico é confirmado pela realização de uma biópsia aos rins.

Tratamento

Depende da sua causa, tipo e gravidade (temporária e reversível ou com tendência a agravar-se). A pressão arterial deve ser controlada e esse é um dos pontos-chave do sucesso do tratamento. Para além dos medicamentos para a hipertensão, podem ser úteis os corticoides e fármacos que controlam o sistema imunitário. A plasmaferese, técnica que permite a remoção de anticorpos em circulação, pode ser útil em alguns tipos de glomerulonefrite. É também importante limitar a ingestão de sal, fluidos e proteínas.

Quando ocorre insuficiência renal, pode ser necessário fazer hemodiálise ou um transplante renal.

Prevenção

Não existe modo de prevenir a ocorrência da maioria das formas de glomerulonefrite. Alguns tipos podem ser prevenidos reduzindo-se ou evitando-se a exposição a solventes orgânicos, mercúrio e aos medicamentos anti-inflamatórios. Além de que o controlo da pressão arterial é essencial.

Fontes

U.S. National Library of Medicine 8600 Rockville Pike, Bethesda, MD 20894 U.S. Department of Health and Human Services, National Institutes of Health, Março, 2013

National Kidney Foundation, 2013

Teresa Costa, Doença Renal na Criança - Curso de Urologia Pediátrica, Junho/2013

The Johns Hopkins University, 2013