Tiroide e glândulas suprarrenais

O que é a hipófise?

A hipófise (também conhecida por glândula pituitária) pode ser considerada a “glândula mãe” do sistema endócrino já que tem como função controlar o funcionamento das restantes glândulas endócrinas.

Situa-se num recesso ósseo denominado sela turca, localizado por trás e acima da pirâmide nasal, na base do cérebro. Produz várias hormonas nomeadamente: a do crescimento (GH), a prolactina (PRL), a estimuladora da tiroide (TSH), a corticotropina (ACTH), as estimuladoras das gónadas (LH e FSH), a estimuladora dos melanócitos (MSH), a antidiurética (ADH) e a oxitocina.

São várias as causas que podem levar a um mau funcionamento da hipófise como sejam:

  • traumatismos
  • doenças infecciosas, infiltrativas, tumorais
  • defeitos congénitos

Esse mau funcionamento pode manifestar-se sob a forma quer de deficiência quer de excesso de determinadas hormonas de que resultam várias patologias.

Tiroide

A tiroide é uma glândula localizada na base do pescoço, imediatamente abaixo da “maçã de Adão”. Tem uma forma semelhante a uma borboleta e é constituída por dois lobos - direito e esquerdo - unidos por uma porção central chamada istmo. Cada lobo tem cerca de quatro centímetros de comprimento e um a dois de largura.

A sua função é produzir, armazenar e libertar para a corrente sanguínea as hormonas tiroideias – tri-iodotironina (T3) e tetraiodotironina (tiroxina ou T4) – que são essenciais à vida: contribuem para a regulação da temperatura corporal, da frequência cardíaca, da pressão arterial, do funcionamento intestinal, do controlo do peso, do nível do colesterol, da força muscular, da memória, dos estados de humor, entre outras.

Se a tiroide produzir uma quantidade insuficiente de hormonas, o organismo reduz a sua atividade (hipotiroidismo). Se produzir uma quantidade excessiva, a sua atividade aumenta (hipertiroidismo).

As doenças da tiroide englobam patologias tão frequentes como os nódulos (3% a 7% da população adulta), o hipo e o hipertiroidismo (2% a 4% da população adulta) e ainda as disfunções subclínicas, que têm uma prevalência superior a 10% nos adultos com mais de 50 anos. Em Portugal, um em cada 10 indivíduos tem patologia da tiroide. A indicação cirúrgica atual destes distúrbios benignos é reforçada pela importância estética, pois afeta na sua maioria mulheres jovens. A maioria das neoplasias malignas da tiroide, apesar de apresentarem uma sobrevida mais longas que a maioria dos cancros (cerca de 80% aos 20 anos), revestem-se de elevada carga emocional e exigem uma abordagem específica e célere.

 

Tiroide e gravidez 

As doenças da tiroide são mais frequentes nas mulheres em idade fértil, pelo que a disfunção da tiroide é comum na gravidez e se não identificada e tratada, põe em causa a saúde materna e fetal.

A gestação está associada a alterações adaptativas e reversíveis da função tiroideia, que podem gerar dúvidas na interpretação dos testes laboratoriais. O rastreio universal a todas as grávidas ainda é controverso, mas é consensual fazê-lo quando há:

  • História de disfunção tiroideia, cirurgia ou irradiação cervical prévia
  • Anticorpos anti tiroideus elevado
  • Diabetes mellitus tipo 1 ou outras doenças autoimunes
  • História de aborto ou parto prematuro
  • Tratamento com amiodorona, lítio ou administração de contraste iodado recente
  • Infertilidade
  • Permanência em área com carência de iodo

Deve existir um trabalho conjunto entre o departamento de Endocrinologia e o de Obstetrícia para que todas as grávidas com esta patologia tenham um atendimento diferenciado e prioritário.

 

O que é a paratiroide? 

As glândulas paratiroideias são quatro ou mais glândulas localizadas na superfície posterior da tiroide. Elas secretam a paratormona (PTH), a hormona principal na regulação do cálcio no sangue. Por vezes, existem paratiróideias ectópicas e até mesmo intratiroideias.

A função principal das paratiroides é manter o cálcio dentro de níveis apropriados, para um normal funcionamento dos sistemas nervoso e muscular.

Glândulas suprarrenais

As glândulas suprarrenais são duas glândulas endócrinas envolvidas por uma cápsula fibrosa, situadas acima dos rins. 

São responsáveis por: 

  • libertação de hormonas em resposta ao stress (cortisol, adrenalina e noradrenalina)
  • metabolismo das proteínas, gorduras e glicose (cortisol)
  • produção de androgénios
  • funcionamento dos rins e regulação dos eletrólitos no plasma (através da secreção da aldosterona)

A libertação do ACTH (corticotropina) pela adeno-hipófise estimula a secreção do cortisol. A estimulação da aldosterona é feita pelos níveis de angiotensina II e de potássio no sangue.

Os casos mais frequentemente tratados são os nódulos da suprarrenal, mas também existem patologias raras como a doença de Addison e a hiperplasia congénita da suprarrenal, entre outras.