O que é?

O cancro do esófago é um dos tipos de cancro do sistema digestivo.

As células epiteliais do esófago são as responsáveis pela constituição do tecido da mucosa do esófago. No seu estado normal, estas células crescem e dividem-se em novas células, que são formadas à medida que vão sendo necessárias, este processo chama-se regeneração celular.

 

Quando as células perdem o mecanismo de controlo e sofrem alterações no seu genoma (DNA), tornam-se células de cancro, que não morrem quando envelhecem ou se danificam, e produzem novas células que não são necessárias de forma descontrolada, resultando na formação de um cancro.

 

Ao contrário das células normais, as células de cancro do esófago não respeitam as fronteiras do órgão, invadindo os tecidos circundantes e podem espalhar-se para outras partes do organismo. A este processo dá-se o nome de metastização.

Prevenção

Não existem estratégias de prevenção ou rastreio para o cancro do esófago.

Fatores de risco

Qualquer comportamento ou condição que aumenta o seu risco de ter uma doença é um fator de risco. Se um ou mais fatores de risco se aplicarem a si, não quer dizer que desenvolverá necessariamente cancro do esófago. Da mesma forma, o cancro do esófago pode aparecer em indivíduos que não apresentem fatores de risco conhecidos.

 

Ainda não foi possível encontrar as causas para o cancro do esófago, mas alguns fatores de risco são conhecidos. Os principais fatores de risco são:

 

  • Consumo excessivo de álcool - o consumo superior a 3 bebidas alcoólicas por dia aumenta o risco de desenvolver cancro escamoso do esófago. A combinação de excesso de álcool com tabaco aumenta consideravelmente o risco.

 

  • Tabagismo

 

  • Refluxo gástrico – muito comum, o refluxo gástrico traduz-se no movimento anormal de ácido do estômago para o esófago e pode provocar ardor. O ácido pode danificar os tecidos do esófago, pelo que o refluxo gástrico prolongado no tempo (anos) pode levar ao desenvolvimento de adenocarcinoma do esófago.

 

  • Esófago de Barret - Esta condição pré maligna consiste na transformação do epitélio glandular da parte final do esófago num epitélio diferente e mais parecido com o do intestino. As células deste epitélio têm mais tendência a transformarem-se em células de cancro. O refluxo gástrico pode causar esófago de Barret e a maioria das pessoas desconhece que o tem. A combinação de refluxo gástrico e esófago de Barret é um fator de risco superior ao refluxo gástrico por si.

 

  • Idade – é o principal facto de risco para o cancro do esófago. A incidência aponta para o diagnóstico da doença por volta da 6ª e 7ª década de vida.

 

  • Ser do sexo masculino – os homens têm 3 vezes mais risco de desenvolver cancro do esófago do que as mulheres.

 

  • Ser de raça negra

 

  • Obesidade

Sintomas

Os sintomas de cancro do esófago não são exclusivos, podem aparecer noutras doenças. O facto de ter um ou mais dos sintomas aqui descritos não significa que tem cancro do esófago.

 

Deverá estar atento e consultar o seu médico se tiver os seguintes sintomas:

  • Dor ou dificuldade em engolir
  • Perda de peso
  • Regurgitação alimentar
  • Dor no peito ou nas costas
  • Tosse e/ou rouquidão prolongada
  • Indigestão
  • Sensação de queimadura (pirose)

A quem me devo dirigir?

Em caso de suspeita de cancro, devido a sintomas ou a um exame complementar de diagnóstico que apresente uma alteração, deve dirigir-se a um Gastrenterologista, a um Cirurgião Geral ou em alternativa, menos habitual, a um Oncologista.

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Subtipos de cancro do esófago

Existem dois tipos de cancro do esófago que representam 98% de todos os casos, ambos diagnosticados e tratados da mesma maneira:

 

Carcinoma pavimentoso, pavimento-celular, epidermóide, espinocelular ou escamoso em que as células têm origem no epitélio estratificado, esta doença é mais frequente nas partes anatómicas cervical e torácica;

 

Adenocarcinoma é um cancro do esófago que tem origem nas células do epitélio de uma camada glandular da parte abdominal do esófago, junto ao estômago.

 

Contudo, a epidemiologia é distinta. Nos últimos 30 anos assistiu-se a uma alteração no tipo histológico dominante entre o carcinoma escamoso e o adenocarcinoma, actualmente mais frequente. A incidência de cancro do esófago aumenta com a idade, sendo que em média, o adenocarcinoma atinge preferencialmente a faixa etária dos 50 aos 60 anos, em média 10 anos mais cedo do que o carcinoma escamoso.

 

No mundo ocidental, a incidência por sexo é também distinto entre os dois tipos de cancro do esófago, sendo que o carcinoma escamoso é 3 a 4 vezes mais frequente no sexo masculino enquanto o adenocarcinoma a incidência é ainda mais destacada, sendo cerca de 6 a 8 vezes mais frequente nos homens.

Diagnóstico

Num doente com suspeita de cancro do esófago podem ser pedidos exames para diagnosticar a doença.

Num doente com história clínica suspeita de cancro do esófago deve ser feita uma endoscopia digestiva alta. Este procedimento consiste na introdução de um tubo iluminado – endoscópio - pela boca ou nariz do doente com recurso a anestesia local.

No caso de o médico encontrar uma lesão suspeita, fará simultaneamente uma biopsia, ou seja, uma colheita de tecido para análise posterior.

Só a observação das células suspeitas ao microscópio pela Anatomia Patológica pode confirmar o diagnóstico de cancro do esófago.

Estadiamento

O estadiamento é o processo pelo qual nos certificamos se as células do cancro se espalharam do esófago para outras estruturas próximas ou mais distantes. A informação obtida pelo processo de estadiamento determina o estadio da doença, fundamental para o tratamento poder ser planeado.

Ao confirmar-se o diagnóstico de cancro do esófago, o passo seguinte consiste em proceder ao seu estadiamento.

O cancro do esófago pela natureza da localização do órgão na cavidade torácica próximo de várias estruturas nobres, como a traqueia os brônquios o coração e os grandes vasos, requer um processo de estadiamento complexo, sendo os exames a realizar:

  • Broncoscopia - Este procedimento consiste na introdução dum tudo com uma câmara pela traqueia e brônquios, semelhante a uma endoscopia digestiva alta. Poderão ser necessárias biopsias de lesões suspeitas, possível introduzindo uma agulha pelo boncroscopio;
     
  • Tomografia Axial Computorizada e/ou Ressonância Magnética;
     
  • Ecoendoscopia - este exame consiste na introdução pela garganta de um tubo - endoscópio - com uma sonda de ecografia na sua extremidade, que permitem avaliar a extensão do tumor na parede do esófago emitindo ultrasons; em caso de suspeita de lesão, o médico poderá recolher tecido para análise, introduzindo uma agulha no endoscópio;
     
  • PET scan - é um exame em que se injetam moléculas de açúcar na corrente sanguínea e através de um equipamento deteta-se a presença de cancro e metástases; como as células de cancro são ávidas de açúcar, absorvem essas moléculas com maior frequência do que as células normais, permitindo identificar a sua localização através desta técnica;
     
  • Toracoscopia ou laparoscopia são procedimentos cirúrgicos com anestesia geral em que cânulas com câmaras – laparoscópio - são inseridas dentro das cavidades por pequenos cortes, permitindo observar os órgãos para identificar a presença de cancro; o médico poderá recolher tecido para análise posterior;
     
  • Cintigrafia óssea – para identificar a presença de metástases nos ossos.

 

Muitas vezes o estadiamento da doença só fica completo após a cirurgia de tratamento, pela análise ao microscópio pela Anatomia Patológica, do esófago, gânglios e outros tecidos colhidos na cirurgia.

 

Com base nos exames de diagnóstico efetuados, o estadiamento do cancro do esófago pode ser classificado da seguinte forma:

Estadio 0 – O cancro é in situ, ou seja, está confinado ao seu sítio, encontrando-se apenas no epitélio do esófago;

Estadio I – Neste estadio o cancro chegou até à submucosa;

Estadio II – Neste estadio o cancro chegou até à submucosa e invadiu 1 a 2 gânglios, ou o cancro invadiu a camada muscular e pode ter invadido gânglios linfáticos, ou ainda invadiu a camada serosa do esófago;

Estadio III – O cancro do esófago pode ter invadido 3 ou mais gânglios, afetando a camada serosa ou órgãos vizinhos como a aorta, a traqueia ou a coluna;

Estadio IV - O cancro espalhou-se para orgãos à distância, como por exemplo o fígado.

Tendo em conta o estadiamento

Tendo em conta o estadiamento do cancro do esófago, a equipa clínica multidisciplinar avaliará o melhor tratamento a seguir.

As opções podem incluir a cirurgia, o tratamento por radioterapia e a quimioterapia.

Estadio I – neste estadio a opção de tratamento passa pela cirurgia; a radioterapia e quimioterapia são eventualmente utilizadas;

Estadio II – A opção de tratamento passa pela radioterapia e a quimioterapia; a cirurgia é avaliada caso a caso e poderá eventualmente ser utilizada;

Estadio III – As opções de tratamento incluem a cirurgia e a radioterapia;

Estadio IV – Neste estadio, as opções de tratamento incluem a quimioterapia e eventualmente a radioterapia.

Tratamento cirúrgico

O procedimento cirúrgico utilizado é a esofagectomia que consiste na remoção do esófago, total ou parcialmente, e que pode implicar a remoção de gânglios linfáticos e ainda a remoção parcial ou total do estômago. É uma cirurgia complexa e há várias técnicas para a fazer. Se lhe foi proposta uma esofagectomia deve perceber junto do seu médico este procedimento.

Radioterapia

A Radioterapia é utilizada no carcinoma do esófago como tratamento definitivo, de forma a erradicar o tumor, ou, como tratamento neo-adjuvante (antes da intervenção cirurgica).

É habitualmente prescrita em associação à Quimioterapia, de forma a possibilitar a maior redução tumoral possível, possibilitante uma cirurgia com menos riscos.

Follow-up

 

Os doentes que tiveram cancro do esófago poderão ser seguidos regularmente em consulta pelo oncologista ou pelo cirurgião no caso de terem sido operados. Para além do exame físico e análises ao sangue, podem ser solicitados exames de imagem como TAC, radiografia e ainda endoscopia digestiva alta.

Cancro do esófago em números
706
casos/ano em Portugal
1,2%
de todos os cancros
8º cancro
+ incidência mundial
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