Hidratação: a melhor defesa contra o calor

O calor parece ter vindo para ficar. Não falamos do calor habitual do verão, mas sim das alterações climáticas que são cada vez mais evidentes no nosso planeta. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a década de 2002/2011 foi a mais quente na Europa desde que há registo.
No futuro, Portugal, pela sua localização à beira-mar, poderá ser um dos países mais afetados com fenómenos climáticos extremos, decorrentes das alterações no clima do planeta.
Regulação da temperatura corporal
A temperatura corporal é mantida dentro de um intervalo relativamente estreito (35-39ºc). A principal fonte de elevação da temperatura é o próprio calor interno do corpo, que é resultante da nossa atividade metabólica.
A troca de calor com o meio ambiente é efetuada através de fenómenos de irradiação, convecção e evaporação pelo suor. Os processos metabólicos e comportamentais que levam à regulação da temperatura corporal são controlados por uma zona do cérebro, o hipotálamo, que promove alterações no organismo que tendem a conservar ou a perder calor. Perder calor é muito mais difícil quando a temperatura ambiente é superior à temperatura corporal.
Que consequências podem surgir do calor excessivo?
O calor intenso favorece a desidratação do organismo, o agravamento de doenças crónicas (principalmente do foro cardíaco e respiratório), e o aparecimento de situações muito graves e de elevada mortalidade, como o golpe de calor, em que o corpo perde toda a capacidade de regular a temperatura. O golpe de calor caracteriza-se por:
- temperatura corporal alta
- pele vermelha, quente e seca, sem produção de suor
- pulso rápido e forte
- cefaleias
- tonturas
- náuseas
- confusão mental com perda parcial ou total da consciência
Que cuidados devemos ter em alturas de maior calor?
Certas populações carecem de atenção especial, nomeadamente:
- crianças
- idosos
- grávidas
- pessoas com doenças crónicas
- acamados
- obesos
- pessoas que tomam alguns medicamentos (como anti-hipertensores, anti-arrítmicos, diuréticos, anti-depressivos, neurolépticos)
Devem ser usadas roupas leves, de fibras naturais, de cor clara e chapéus com abas largas e óculos escuros. Roupas apertadas e ausência de circulação de ar dificultam a evaporação do suor da pele (que baixa a temperatura da mesma). Locais húmidos também dificultam a eficácia do suor.
É de evitar a exposição ao sol nas horas de maior calor, procurando zonas frescas ou climatizadas.
A ingestão abundante de líquidos é uma das principais formas de prevenir os efeitos adversos do calor. Não só ajudam a baixar a temperatura corporal, como são essenciais para repor a perda natural de líquidos que ocorre com o suor, que pode ser bastante elevada com temperaturas altas, mesmo sem nos apercebermos. A água é a melhor bebida! Se não houver contraindicações, deve beber pelo menos 1,5L por dia. Deve evitar bebidas gaseificadas ou açucaradas.
Principalmente nos idosos, as refeições devem ser ricas em água e sais minerais (frutas, legumes, sopa, pão) e fracionadas ao longo do dia.
A que sinais devemos estar atentos para identificar casos de desidratação?
É importante reconhecer precocemente fenómenos de desidratação em populações que não podem beber água autonomamente, como crianças pequenas e idosos com doenças neurológicas, por exemplo. A água bebida deve ser quantificada.
Sinais precoces de desidratação
- alterações do comportamento, como irritabilidade ou prostração
Sinais tardios de desidratação
- boca seca
- olhos encovados
- pele baça e sem elasticidade (fica uma prega que demora a desfazer se agarrarmos a mesma)