DPOC: sabe que doença respiratória é esta?

Doenças crónicas
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A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença respiratória muito incapacitante, mas que pode ser prevenida e tratada. Conheça os seus sintomas.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é caracterizada por uma obstrução progressiva das vias aéreas, associada a uma resposta inflamatória do aparelho respiratório, com repercussões sistémicas. Atinge um em cada dez adultos acima dos 40 anos de idade. O diagnóstico é feito através de espirometria, um exame simples que mede o fluxo de ar nos pulmões.

 

Fatores de risco

Existem três fatores principais que estão associados ao risco de vir a desenvolver DPOC:

  • O tabaco é a principal causa de DPOC, responsável por 80 a 90% dos casos). Os fumadores ou ex-fumadores (principalmente se fumam ou fumaram 20 ou mais cigarros por dia) estão em maior risco.
  • A exposição a gases, poeiras ou produtos químicos poluentes no contexto de uma atividade profissional.
  • História familiar: um problema hereditário raro, a deficiência de alfa 1 antitripsina, é responsável por uma reduzida percentagem de casos.

 

Como se manifesta?

Na DPOC, os sintomas surgem lentamente e pioram de forma gradual e progressiva, sobretudo se o doente continuar a fumar. Estes são, muitas vezes, desvalorizados e aceites como uma consequência natural do tabagismo ou do envelhecimento, o que atrasa o diagnóstico e o início do tratamento. Os principais sintomas são:

  • Tosse crónica
  • Expectoração/ escarro ou catarro (pode ser confundido com o "catarro do fumador")
  • Pieira
  • Dificuldade em respirar (dispneia) durante o esforço (por exemplo, ao subir escadas)
  • Limitação para a realização de tarefas diárias habituais (como vestir-se ou fazer a cama)
  • Limitação para o exercício físico
  • Cansaço

 

Possíveis complicações

Embora possa manter-se estável durante algum tempo, a DPOC progride, naturalmente, para estádios cada vez mais graves (A, B, C e D). A doença está associada a várias complicações, entre elas:

  • Exacerbações ou crises (agravamento dos sintomas habituais que levam o doente a procurar o médico/hospital e que aceleram a evolução da doença)
  • Maior suscetibilidade a infeções (as infeções respiratórias são a principal causa das exacerbações)
  • Insuficiência respiratória crónica com necessidade de uso de oxigénio e/ou ventiladores
  • Incapacidade para o trabalho e vida pessoal
  • Morte prematura

 

Impacto nos doentes

Com a evolução da DPOC, os sintomas e as complicações ditam mudanças consideráveis na vida dos doentes. Eis alguns dos principais impactos referidos:

  • Dificuldade em realizar atividades da vida diária
  • Dependência crescente de outras pessoas
  • Isolamento social
  • Perda de confiança e autoestima
  • Ansiedade e depressão
  • Incapacidade para o trabalho e reforma precoce
  • Diminuição da qualidade de vida

 

Impacto nos familiares e cuidadores

Sendo uma doença crónica, a DPOC tem, muitas vezes, repercussões nos familiares e cuidadores do doente, que podem estar ainda numa fase ativa a nível profissional ou que podem ver os seus planos de vida frustrados. Alguma das consequências mais comuns são:

  • Faltas ao trabalho
  • Reforma antecipada
  • Ansiedade e depressão

 

Prevenção e tratamento

A DPOC não tem cura, mas pode ser prevenida e tratada. O tipo de tratamento depende dos sintomas e da fase da doença. Os objetivos do tratamento são reduzir os sintomas e as crises, para que o doente se mantenha tão ativo quanto possível, e atrasar a evolução natural da doença. As principais medidas terapêuticas são:

  • Deixar de fumar – A cessação tabágica é altamente recomendada, sendo a medida com mais capacidade de alterar a história natural da doença.
  • Fármacos – Os broncodilatadores inalados (designadamente agonistas adrenérgicos beta 2 seletivos e anticolinérgicos, em monoterapia ou em associação), de curta ou de longa duração de ação, são a base da terapêutica na DPOC. Entre os demais medicamentos administrados estão os corticoides inalados (em associação com os broncodilatadores nas fases mais avançadas) ou sistémicos (nas exacerbações), as vacinas antigripal e antipneumocócica (para evitar infeções respiratórias) e os antibióticos (no caso de exacerbações infeciosas bacterianas).
  • Oxigenoterapia – Quando existe hipoxemia (baixa concentração de oxigénio no sangue), pode ser necessário administrar oxigénio, de forma aguda ou crónica.
  • Reabilitação respiratória – Inclui treino dos músculos inspiratórios, exercício aeróbio e exercício de reforço muscular.
  • Nutrição e estilo de vida adequados – Uma alimentação cuidada e personalizada, bem como a manutenção de um estilo de vida ativo, pode ajudar no atraso da evolução da doença ou na maior adaptação do doente aos sintomas da mesma.
Publicado a 11/05/2016