Atividades extracurriculares na dose certa

Bebés e crianças
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Fazer amigos, desenvolver capacidades e descobrir talentos. São muitos os benefícios das atividades extracurriculares. Mas é preciso tempo para fazer “nada”.

Equilíbrio é a palavra de ordem quando se fala em aulas, atividades extracurriculares, tempo livre e sono. Hoje em dia, à semelhança do que acontece com os adultos, a maior parte das crianças tem uma agenda sobrecarregada.

São muitos os pais que fazem uma ginástica financeira meticulosa para que o orçamento mensal "estique" de forma a abranger a mensalidade de atividades extracurriculares que contribuam para o bem-estar físico, cognitivo e emocional dos filhos e que possa, de alguma forma, prepará-los para o sucesso académico e profissional.

Outro fator de peso é que a maioria dos pais tem um horário de expediente para cumprir, o que leva a que as atividades extracurriculares surjam também como uma espécie de "bóia de salvação”. Isto é, uma forma útil e segura de as crianças estarem ocupadas quando não se encontram na escola.

 

Porque é bom ter atividades extracurriculares

Além de ser uma boa oportunidade para as crianças aprenderem novas capacidades, explorar áreas de talento ou até ter algum apoio em campos que não dominam tão bem, as atividades extracurriculares têm vantagens do ponto de vista social, ajudando as crianças a fazer novos amigos e a ter sentimentos de pertença.

A sua realização é também importante, na medida em que ajuda os mais pequenos a estabelecer relações de proximidade com adultos que, por sua vez, lhes podem prestar apoio e influenciá-los de maneira positiva.

 

Perigos do excesso de atividades extracurriculares 

Diane Ehrensaft, psicóloga clínica e autora de vários livros sobre desenvolvimento infantil, afirmou numa entrevista à revista Psychology Today que as crianças americanas de classe média têm um horário tão sobrecarregado com atividades extra que não dispõem de tempo para estarem, simplesmente, sem fazer nada ("nothing time"), o que lhes é prejudicial.

A reforçar esta ideia, um relatório de 2012 da American Academy of Pediatrics reforçou que as crianças precisam de brincar e de ter tempo livre. Brincar, entre outros benefícios, estimula o desenvolvimento emocional da criança.

A ausência de tempo livre, combinada com um estilo de vida acelerado, pode ser uma fonte de stress, ansiedade e, até, depressão.

 

A quantidade ideal 

Não existe uma medida certa e o que deve imperar é o bom senso. Idealmente, no início do ano letivo e antes de inscreverem as crianças em atividades extracurriculares, os pais devem avaliar se estas lhes vão roubar tempo ou substituir rotinas fundamentais. Referimo-nos a dormir, comer, ir às aulas, fazer os trabalhos para casa/estudar, brincar e estar com a família.

Essa planificação pode ser testada por escrito, através da criação de uma grelha com o horário semanal da criança. Só depois de verificarem que há horas que não estão preenchidas e que a distribuição do tempo é equilibrada é que os pais devem avançar para a inscrição da criança nessas atividades.

 

Critérios para escolher a atividade extracurricular ideal

  • É importante que corresponda aos interesses da crianças (e não aos dos pais), para que seja um prazer e não uma obrigação.
  • Deve incidir numa área não abrangida pelas disciplinas tratadas na escola (por exemplo, aprender a fazer judo ou a tocar guitarra) e que proporcione uma nova aprendizagem à criança, complementando o currículo escolar.

Ser uma oportunidade para a criança entrar em contacto com outras realidades, fazer novos amigos e desenvolver as suas competências sociais.

Publicado a 21/11/2013