Listeriose: saiba como se proteger

Alimentação
Prevenção e bem-estar
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É uma doença grave, mas existem formas de a prevenir e tratar. A maior parte dos cuidados envolve medidas de higiene alimentar e evitar alimentos de risco.

A listeriose contraída através de alimentos é uma das mais sérias e graves doenças de origem alimentar, refere a Organização Mundial da Saúde, salvaguardando, no entanto, que “é uma doença relativamente rara, com 0,1 a 10 casos por cada 1 milhão de pessoas por ano, dependendo do país e região do mundo”. A mesma Organização refere ainda que, “embora o número de casos seja baixo, a elevada taxa de mortalidade que está associada a esta infeção faz dela um problema significativo de saúde pública”.

Desde 2014 que esta é, em Portugal, uma doença de notificação obrigatória através do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), para que se identifique a fonte da infeção e se adotem imediatamente as medidas mais adequadas.

No dia-a-dia, há várias estratégias que pode adotar, nomeadamente na manipulação de alimentos, e que o vão ajudar a diminuir o risco de ser infetado.

 

O que é a listeriose?

A listeriose é uma infeção que pode ser grave e que está muitas vezes associada à ingestão de alimentos contaminados. É causada pela bactéria Listeria monocytogenes (L. monocytogenes) - a espécie de Listeria mais frequentemente associada a doença nos humanos - e pode ser encontrada em qualquer local no ambiente, sendo, ainda assim, mais comum no solo, água e trato digestivo de animais.

Tal como outras doenças transmitidas através da ingestão de alimentos contaminados, a listeriose costuma ter os sintomas de uma gastroenterite, como febre, náuseas e diarreia. Pode também infetar outras zonas do corpo, como ossos, articulações e alguns pontos do peito e abdómen.

O seu período de incubação é de cerca de três semanas e pode variar entre três e 70 dias. Contudo, a boa notícia é que a maioria dos adultos saudáveis não desenvolve a doença após a infeção.

 

Sabia que…

Ao contrário de outras bactérias presentes na água e alimentos, a L. monocytogenes suporta temperaturas de refrigeração (entre os 4 e os 10ºC) normalmente utilizadas nos nossos frigoríficos. O seu crescimento ótimo regista-se, contudo, em temperaturas mais quentes, entre os 30 e os 35ºC.

 

Como é que se transmite?

  • Contacto direto com animais portadores da bactéria.
  • Ingestão de alimentos contaminados, como carne crua ou leite não pasteurizado. Pode também ocorrer contaminação cruzada em alimentos processados, como a charcutaria e congelados.
  • Transmissão da mãe para o feto ou durante a passagem do bebé pelo canal de parto infetado.

 

Quem tem maior risco?

A listeriose é uma infeção pouco frequente e é raro infetar pessoas fora dos seguintes grupos, que têm um risco aumentado:

  • Imunodeprimidos e idosos (com 65 anos ou mais): alguns dos indivíduos destes grupos podem desenvolver infeções graves a nível da circulação sanguínea (sépsis) ou do cérebro (como meningite ou encefalite), podendo atingir uma taxa de mortalidade na ordem dos 30%.
  • Grávidas: embora a maioria das infeções seja assintomática ou mimetize uma síndroma gripal, pode ocorrer aborto, parto pré-termo, nado-morto ou doença grave no recém-nascido.
  • Recém-nascidos: pode ser de início precoce (manifesta-se por prematuridade, sépsis ou pneumonia e, nos casos mais graves, pode surgir exantema papular) ou tardio (após a primeira semana de vida, manifestando-se habitualmente por meningite).

 

O que fazer para se proteger da listeriose

As estratégias de higiene e segurança alimentar são a base da prevenção desta infeção. Eis algumas das que deve adotar:

  1. Evite a ingestão de alimentos de origem animal crus, tais como leite não pasteurizado e derivados.
  2. Lave bem a fruta e vegetais que vai comer crus, mesmo que lhes vá retirar a casca.
  3. Cozinhe bem os seus alimentos.
  4. Guarde no frigorífico as sobras de refeições até duas horas após a confeção e consuma-as dentro de 3-4 dias.
  5. Evite a contaminação cruzada entre os alimentos da sua cozinha, como, por exemplo, os crus e os cozinhados.
  6. Use tábuas de corte diferentes para legumes crus e carne, peixe ou ovos crus.
  7. Mantenha a temperatura de refrigeração do seu frigorífico a 4ºC ou menos.
  8. Proteja os alimentos do contacto com animais.
  9. Faça uma boa higiene das mãos depois de mexer em alimentos crus, lavando-as durante 20 segundos com sabão e água corrente.
  10. Mantenha bem higienizado tudo aquilo que entra em contacto com alimentos, como superfícies, equipamentos e utensílios.

 

Alimentos de maior risco

Em surtos passados, entre os alimentos responsáveis pela infeção em humanos estão:

  • Salsichas e outros produtos alimentares à base de carne prontos a comer, como as carnes frias
  • Patês de carne
  • Crustáceos, mariscos e moluscos
  • Salmão fumado
  • Laticínios, como queijos moles (por exemplo, brie, feta ou camembert), leite não pasteurizado e derivados e gelado
  • Saladas prontas a comer e leguminosas germinadas (rebentos)
  • Legumes e frutas crus ou mal lavados

 

Acha que ingeriu um alimento contaminado?

Caso desconfie da possibilidade de ter ingerido um alimento contaminado com esta bactéria, deve informar o seu médico assistente se tiver desenvolvido sintomas como febre, fadiga ou dores musculares até dois meses após a ingestão.

 

Publicado a 22/08/2019
Doenças