Cateterismo cardíaco no tratamento do enfarte do miocárdio

Coração
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O cateterismo cardíaco é um procedimento médico invasivo que permite diagnosticar e tratar problemas no coração, sobretudo em casos de enfarte do miocárdio.

O cateterismo cardíaco é um procedimento médico invasivo que permite diagnosticar, estudar e tratar problemas nas artérias coronárias, válvulas do coração ou músculo cardíaco. É geralmente utilizado em caso de enfarte do miocárdio.

 

Como se faz o cateterismo cardíaco

Realizado pela Cardiologia de Intervenção, o cateterismo é um exame que consiste na introdução de um cateter (tubo oco) dentro de um vaso sanguíneo, nomeadamente da artéria femoral (na virilha) ou da artéria radial (no antebraço), através de uma punção. Esse tubo é então conduzido até ao coração. O doente pode estar acordado durante o exame, sendo feita anestesia apenas no local da punção.

 

Acesso radial

Segundo o Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, o acesso radial representava já 75% dos acessos em 2016, com vantagens a nível da segurança, além da redução da necessidade e do tempo de internamento, bem como da diminuição das complicações e da mortalidade.

 

Para que serve o cateterismo cardíaco

O cateterismo cardíaco permite tratar várias doenças, entre as quais o enfarte do miocárdio, numa situação de emergência, ao viabilizar:

  • Acesso vascular
  • Injeção de um líquido de contraste radiológico
  • Avaliação de parâmetros como pressão e níveis de oxigénio
  • Transporte de instrumentos cirúrgicos até ao coração
  • Abertura das artérias (angioplastia)
  • Realização de intervenções terapêuticas

 

Cateterismo cardíaco no enfarte

No enfarte do miocárdio, uma artéria do coração fica "entupida", habitualmente por um trombo (coágulo de sangue) resultante do rompimento de uma placa de colesterol (gordura). Essa obstrução impede a passagem de sangue e a chegada de oxigénio e nutrientes à zona do coração afetada (isquemia).

Através da injeção de um contraste pelo cateter, este exame permite localizar a obstrução responsável pelo enfarte, dilatar a artéria e desentupir o obstáculo existente (angioplastia), evitando complicações e até a morte.

 

Contraindicações

Não existem contraindicações absolutas à cateterização cardíaca, uma vez que o benefício esperado normalmente ultrapassa o risco envolvido. Contudo, existem algumas contraindicações relativas, como anemia grave, hipertensão grave, alergia ao contraste, infeção ativa, febre sem explicação ou lesão renal.

Também são necessárias cautelas em doentes de alto risco, como por exemplo pessoas com doença cerebrovascular ou doença pulmonar obstrutiva crónica.

 

Complicações possíveis

As complicações do cateterismo cardíaco são raras, mas podem incluir:

  • Hemorragia relacionada com a punção
  • Reação alérgica
  • Náuseas e vómitos
  • Infeção
  • Arritmias
  • Enfarte
  • Trombose
  • Morte (risco muito baixo, na ordem dos 0,1%)

 

Cuidados​ ​a ter

Se foi submetido a um cateterismo cardíaco, deve tomar alguns cuidados para recuperar rapidamente e não surgirem complicações. Assim:

  • Após o cateterismo por via da virilha, deve manter-se em repouso na cama durante o tempo recomendado pelo seu médico. Deite-se de costas e não mova a perna do lado em que foi feita a punção.
  • Tome os medicamentos prescritos, caso dos antiagregantes plaquetares, de acordo com as indicações do médico. Após um cateterismo, é necessário combater o risco de se formarem coágulos.
  • Não faça esforços nos dias após a realização do cateterismo. Evite conduzir.
  • Consulte o seu médico para saber quando pode retomar as suas rotinas normais, bem como a atividade sexual.

 

Quando procurar o médico

Depois do cateterismo cardíaco, é normal o aparecimento de uma nódoa negra no local onde o cateter foi introduzido. Se este aumentar, sangrar ou se sentir dor neste local ou no membro correspondente, procure o seu médico.

 

Como prevenir um novo enfarte

Para evitar um novo enfarte e a realização de outro cateterismo, deve adotar um estilo de vida saudável:

  • Controle o seu peso.
  • Faça uma alimentação saudável e equilibrada, cortando nas gorduras saturadas, que aumentam o risco de enfarte. Substitua as carnes vermelhas pelas carnes brancas e pelo peixe. Privilegie os produtos lácteos magros em detrimento dos gordos ou meio gordos. Opte pelo azeite ou gorduras de origem vegetal. Coma frutas e legumes. Beba água ao longo do dia.
  • Meça o colesterol regularmente e mantenha os seus valores dentro do que está recomendado.
  • Tenha cuidado com o sal, que faz subir a pressão arterial. Juntamente com o colesterol alto, a hipertensão arterial é um grande fator de risco para enfarte do miocárdio.
  • Se tem diabetes, aperte a vigilância aos valores de glicemia (açúcar) no sangue. Evite os doces.
  • Pratique exercício físico.
  • Não fume. O tabagismo, por si só, é um fator de risco para enfarte.
  • Limite as atividades que lhe provocam maior stresse.

 

Sabia que...

Após um enfarte, a cessação tabágica diminui o risco de morte em 36%.

Publicado a 11/10/2019