O que é?

Por surdez entende-se uma qualquer limitação na capacidade auditiva. É um dos sintomas que pode afetar todas as idades, sexos, raças e tem uma enorme repercussão no ponto de vista da linguagem e comunicação.

Normalmente divide-se em dois tipos: hipoacusia de transmissão e neurosensorial. Em relação ao grau, pode variar em ligeira, moderada, severa e profunda. Na de transmissão não existe uma boa propagação do som do exterior para o ouvido interno e na neurosensorial a causa está ao nível do ouvido interno, do nervo auditivo e do cérebro. Nalguns casos, a surdez envolve os dois tipos.

Sintomas

A diminuição ou alteração de audição produz uma redução na perceção de sons e dificulta a compreensão das palavras. Esse obstáculo aumenta com o tipo e grau de perda auditiva. Na idade pré-escolar, sabe-se que a criança deve ser capaz de dizer as primeiras palavras entre os 15 e os 18 meses. Se isso não acontecer, deve ser observada pelo médico especialista para saber o que está a provocar o atraso da fala. A causa mais frequente de surdez nas crianças com idades compreendidas entre os dois e os cinco anos, é a otite serosa. Esta doença impede a transmissão do som do exterior para o ouvido interno, predispõe a infeções agudas e pode evoluir para otites crónicas mais complicadas.

Causas

Existem várias doenças durante a gestação que podem afetar o desenvolvimento do ouvido do bebé. Dentro destas, a mais frequente, tanto a nível nacional como a nível internacional, é a infeção por citomegalovírus. Passa despercebida na maior parte das vezes e a grávida não apresenta quaisquer sintomas ou tem apenas queixas de gripe. De qualquer forma, a surdez à nascença deve ser detetada o mais precocemente possível para que haja um acompanhamento adequado durante o desenvolvimento da criança. Existem outro tipo de situações, embora raras, que a podem provocar desde causas genéticas a malformações do ouvido.

Noutros casos há bloqueios na entrada do ouvido: cerúmen (cera), corpos estranhos (frequentes nas crianças) ou otites externas (infeção da pele à entrada do ouvido – frequentes sobretudo com as praias e as piscinas). Facilmente diagnosticadas à otoscopia, a remoção do cerúmen e do corpo estranho pode ser feito em consulta e as otites externas tratadas com gotas e/ou antibióticos.

As otites crónicas podem surgir em qualquer idade. O grau da surdez vai depender da gravidade da doença. Frequentemente pode haver saída de pus do ouvido e ter complicações graves como a paralisia do nervo facial (responsável pelos movimentos da face), meningites ou outras afeções intracranianas. As otites crónicas devem ser seguidas em consulta de Otorrinolaringologia o mais precocemente possível a fim de evitar o seu agravamento.

A osteoespongiose é uma causa de surdez que afeta sobretudo a terceira e quarta décadas de vida e predominantemente o sexo feminino. Em cerca de metade dos casos existe um fator genético pelo que é frequente existirem outras situações na família, sobretudo nas mulheres. Resulta de uma alteração do metabolismo ósseo localizado na articulação entre o estribo (um dos ossículos que transmite o som) e a janela oval (membrana interna que comunica para o interior do ouvido) que provoca uma surdez de transmissão. A osteoespongiose nalguns casos, pode melhorar com uma intervenção cirúrgica.

Quando existe uma surdez progressiva, sobretudo unilateral, podemos estar perante o neurinoma do acústico. É um tumor benigno mas que pode crescer localmente e deve ser vigiado e controlado.

Várias outras situações podem provocar surdez, desde uma simples gripe, traumatismo do ouvido, acidentes vasculares cerebrais, variações na pressão (viagens de avião, mergulho), uso de determinados medicamentos, entre outras. A perda de audição pode ser repentina (súbita) ou progressiva e de causas variadas. 

Resumindo, a surdez pode ser congénita ou adquirida.

O termo surdez congénita implica que a perda auditiva esteja presente ao nascimento. Pode incluir formas hereditárias ou formas de surdez devido a outros fatores presentes in útero ou na altura do nascimento.

As formas hereditárias parecem estar envolvidas em mais de 50% dos casos de surdez congénita. Existem algumas síndromes genéticas nos quais a surdez é uma caraterística conhecida, como a síndrome de Down, síndrome de Usher, síndrome de Treacher Collins, síndrome de Crouzon e síndrome de Alport.

Outras causas de surdez congénita que não são de natureza hereditária incluem infeções pré-natais, doenças, toxinas consumidas pela mãe durante a gravidez ou outras condições que ocorrem na altura do nascimento ou no período do peri-parto imediato. Por exemplo:

  • Infeções intra-uterinas que incluem rubéola, citomegalovirus e por herpes simples
  • Complicações associadas com o factor Rh do sangue
  • Prematuridade
  • Diabetes materna
  • Toxemia durante a gravidez
  • Anoxia 

A surdez adquirida é a surdez que surge após o nascimento, em qualquer altura da vida, resultando de diversas situações, entre as quais:

  • Infeções do ouvido médio
  • Meningite
  • Encefalite
  • Sarampo
  • Varicela 
  • Papeira
  • Influenza/ gripe
  • Otosclerose
  • Doença de Menière
  • Fármacos que lesam as estruturas do sistema auditivo (ototóxicos)
  • Exposição a níveis elevados de ruído
  • Neurinoma do acústico
  • Traumatismos da cabeça ou do ouvido 

 

O envelhecimento – presbiacúsia – envolve particularmente a degenerescência do ouvido interno, embora também possa envolver outras partes do sistema auditivo. A perda auditiva é progressiva, afetando preferencialmente as frequências mais elevadas.

Diagnóstico

A surdez deve ser confirmada e caracterizada por exames que são requisitados de acordo com a idade do doente e a situação clínica: otoemissões acústicas, potenciais evocados, audiometria, impedanciometria, entre outros.

Tratamento

À medida que a idade vai avançando, vai-se perdendo alguma qualidade da audição e consoante a sua gravidade, pode haver necessidade de usar aparelho auditivo para se conseguir manter as atividades do quotidiano.

De acordo com a patologia em causa (otite média com derrame, otite média crónica, otosclerose, exostoses) é indicado um tipo de intervenção cirúrgica: miringocentese com colocação de tubos transtimpânicos, timpanoplastia, timpanomastoidectomia técnica aberta ou fechada, cirurgia de exostoses e de otosclerose.
Em casos específicos de surdez, pode haver necessidade de recorrer a equipamentos específicos que permitam uma melhor audição. São o caso dos implantes osteo-integrados e dos implantes cocleares.

Prevenção

Os problemas auditivos que ocorrem no nascimento ou deficiências auditivas devido a doenças ou acidentes estão sujeitas à prevenção possível de cada situação, nomeadamente a vacinação contra as infeções materno-infantis, melhoria dos cuidados periparto e tratamento das otites na criança. Algumas medidas são importantes para reduzir o risco de perda de audição ao longo da vida:

  • minimizar a exposição ao ruído e aos sons de alta intensidade
  • controlar os valores tensionais e os níveis de gorduras e açúcar no sangue, fatores que contribuem para o envelhecimento precoce do organismo
  • Evitar a toma de substâncias e/ou medicamentos que são tóxicos para o ouvido
  • Assegurar um regular rastreio auditivo que possa despistar precocemente alterações suscetíveis de correção
Fontes:

Medical News Today