Malformação congénita em crianças do sexo masculino, caracterizada pela abertura anormal da uretra, em um de vários locais ao longo da zona ventral do pénis, originando a saída de urina de modo anómalo, e com alterações anatómicas no desenvolvimento peniano.

 

Dado não ter, habitualmente, diagnóstico pré-natal, constitui uma das patologias congénitas ocultas que ensombra o encanto que envolve o nascimento.

Trata-se de uma patologia frequente, dado acontecer em 4 por 1000 nascimentos. É hereditária em alguns casos, com maior incidência no caso de exposição a hormonas endócrinas durante a gravidez. No entanto, na grande maioria dos casos é de etiologia desconhecida.

 

De acordo com a localização da abertura do meato urinário, podemos classificar os Hipospádias, em 4 tipos:

  • Distal
  • Médio
  • Proximal
  • Perineal

 

A ordem de frequência diminui conforme o meato se torna mais proximal.

Esta classificação anatómica nem sempre corresponde à real localização do meato, do ponto de vista cirúrgico, pois outros parâmetros, como o "encurvamento peniano", poderão agravar o grau de classificação.

Quanto ao tratamento, deve ser efetuado até ao final do 1º ano de vida, idealmente entre os 8 e os 10 meses de vida (antes de iniciar a marcha), com ou sem tratamento hormonal prévio à cirurgia, e sempre que possível em um só tempo cirúrgico.

 

Objetivo da correção cirúrgica

Compete ao Cirurgião Pediátrico a escolha e uso das técnicas cirúrgicas mais adequadas à situação clínica em causa, de modo a que, no resultado final, coloque a abertura do meato urinário no local esteticamente correto, sem encurvamento peniano, e, se possível, com a glande protegida com prepúcio, de modo a permitir à criança no futuro:

  • Urinar de pé
  • Função sexual normal
  • Estética genital perfeita
  • Evitar consequências de foro psicológico

 

Se em todos os atos cirúrgicos na criança a presença e colaboração dos pais é fundamental, na correção desta patologia reveste-se de particular importância, pois o êxito do bom resultado cirúrgico final não depende só e apenas do empenho do cirurgião, mas também da importante e imprescindível colaboração dos pais e familiares no período pós-operatório.