Aprenda a identificar a síndrome de Reye

Bebés e crianças
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É uma condição muito rara, mas não é por isso que deve deixar de saber identificar a síndrome de Reye e zelar pela saúde do seu filho.

A síndrome de Reye é uma condição aguda que atinge o cérebro e o fígado e cujos grupos de risco são crianças, adolescentes e jovens adultos até aos 20 anos. Esta doença pode ocorrer na sequência de uma infeção viral, como gripe ou varicela, e quando se administra aspirina ou salicilatos.

Acontece muito raramente, em menos de 1 criança por cada 100.000, mas é uma emergência médica porque pode ter consequências graves e até fatais. Conheça os sintomas e esteja atento.

 

O que a pode causar

A Síndrome de Reye afeta tanto lactentes como adolescentes de ambos os géneros.

As causas desta síndrome não são totalmente conhecidas. Vários estudos científicos parecem demonstrar uma associação entre uma infeção de origem viral e a administração de medicamentos que contêm salicilatos. Pensa-se que a síndrome afeta as mitocôndrias, células essenciais para o fornecimento de energia e para o funcionamento do fígado. Se este órgão perde a sua fonte de energia, começa a entrar em falência, o que pode causar a acumulação de químicos tóxicos no sangue, provocando danos em todo o corpo e possivelmente até inchaço do cérebro. Não se sabe, porém, porque ocorre esta disfunção mitocondrial.

 

Sinais e sintomas: identificar a síndrome de Reye

Normalmente, os sintomas da síndrome de Reye começam a manifestar-se poucos dias após uma infeção viral, como uma constipação, gripe ou varicela.

Os mais comuns são:

  • Vómitos frequentes
  • Sonolência
  • Irritabilidade
  • Convulsões
  • Perda de consciência ou coma
  • Fraqueza muscular ou paralisia

 

Como se diagnostica

Para o diagnóstico atempado é muito importante a suspeita clínica e o recurso a meios complementares é essencial. Uma vez que a síndrome de Reye é tão rara, é importante excluir outras doenças que podem causar sintomas semelhantes, como meningite ou encefalite. Alguns dos testes ou exames que podem ser realizados são:

  • Análises de sangue e à urina para verificar se existe a acumulação de toxinas ou bactérias e se o fígado está a funcionar bem
  • TAC, para excluir o inchaço cerebral
  • Ressonância magnética
  • Punção lombar, para verificar a presença de bactérias ou vírus
  • Biópsia ao fígado, que permite observar se existem células associadas à síndrome

 

Em que consiste o tratamento

Se o diagnóstico de síndrome de Reye se confirmar, o tratamento precoce numa Unidade de Cuidados Intensivos pode ser determinante. Este tem como principal objetivo minimizar os sintomas e ajudar às funções vitais do nosso corpo, como a respiração e a circulação sanguínea. É também fundamental proteger o cérebro contra danos permanentes que podem ser causados pelo inchaço.

Alguns medicamentos que podem ser administrados via intravenosa são:

  • Eletrólitos e fluidos, para favorecer níveis equilibrados no sangue de sais, minerais e nutrientes no sangue
  • Diuréticos, que ajudam o corpo a eliminar o excesso de fluidos e a reduzir o inchaço no cérebro
  • Anticonvulsivos, medicamentos que controlam as convulsões

 

Pode também ser necessário um ventilador, caso a criança precise de ajuda para respirar. Além disso, as funções vitais - como os batimentos cardíacos, pressão arterial e temperatura corporal - também serão monitorizadas.

Após a redução do inchaço no cérebro, também as outras funções corporais deverão  voltar ao normal após alguns dias. Contudo, a criança poderá passar várias semanas no hospital até ter alta.

 

Prognóstico da síndrome de Reye

O prognóstico depende da gravidade dos sintomas da doença, da suscetibilidade do doente e da rapidez do diagnóstico e tratamento.

Com os avanços que se fizeram nos últimos anos no que toca a diagnóstico e tratamento, a maior parte dos doentes sobrevive e alguns recuperam completamente. Contudo, algumas pessoas podem sofrer danos cerebrais permanentes.

Alguns dos problemas a longo prazo associados à síndrome de Reye incluem:

  • Capacidades de atenção e de memória comprometidas;
  • Alguma perda de visão e de audição;
  • Dificuldades na fala e na linguagem;
  • Problemas de movimento e postura;
  • Dificuldade em engolir; e
  • Dificuldade em realizar tarefas diárias, como vestir-se ou usar a casa de banho.

 

Nestes casos, será feito um plano adaptado às dificuldades da crianças.

 

Atenção!

Nunca dê aspirina ou similares (salicilatos) ao seu filho se tiver menos de 16 anos sem falar com o seu médico assistente/pediatra.

Publicado a 05/12/2018