Úlceras: sabe o que são?

Prevenção e bem-estar
4 mins leitura

Esqueça tudo o que lhe contaram sobre as úlceras. A culpa não é dos "nervos" ou dos "picantes". Saiba mais para poder prevenir e tratar.

As úlceras são lesões ou feridas muito comuns. Com o envelhecimento da população, espera-se que alguns tipos de úlceras sejam mais frequentes.

A infeção por Helicobacter pylori é responsável por cerca de 90% das úlceras duodenais e 80% das úlceras gástricas. Por outro lado, não está demonstrado que o stress e a ingestão de comidas picantes provoquem úlcera péptica.

Saiba mais sobre cada um dos tipos de úlcera, quais os sintomas associados e em que é que consiste o seu tratamento.

 

Tipos de úlceras

  • Úlcera péptica

É uma patologia comum, consistindo numa ferida ou lesão da mucosa do trato gastrointestinal. Atinge anualmente quatro milhões de pessoas no mundo. Estes são os tipos mais comuns:

  1. Esofágica (no esófago)
  2. Gástrica (no estômago)
  3. Duodenal (no intestino delgado)

 

  • Úlcera de decúbito ou de pressão

Consideradas já um problema de saúde pública, estas lesões crónicas funcionam como um indicador da qualidade dos cuidados de saúde. Traduzem-se em lesões na pele e/ou tecidos subjacentes, sobretudo nos ombros, costas, ancas e nádegas, mas podem atingir qualquer zona do corpo, sendo comuns em idosos, pessoas acamadas ou que passam muito tempo em cadeira de rodas. A prevalência de úlceras de pressão nos hospitais ronda os 11,5%, embora 95% dos casos sejam evitáveis.

 

  • Úlcera das pernas

As úlceras que afetam os membros inferiores são lesões decorrentes de doenças venosas ou arteriais como hipertensão, varizes, trombose, aterosclerose e diabetes. As úlceras venosas representam a maioria das úlceras da perna (cerca de 85%).

 

  • Outras: úlceras de stress, causadas por traumatismos, queimaduras, etc

 

Sintomas de úlceras

Os sinais e sintomas variam consoante o tipo de úlcera. Nem sempre existe dor, sobretudo nas fases iniciais.

No caso da úlcera esofágica, pode haver dor ao engolir. Já a úlcera gástrica e a úlcera duodenal têm sintomas contrários - quando a úlcera afeta o estômago, pode existir dor, distensão do abdómen, náuseas e vómitos (com ou sem sangue) após as refeições. Pelo contrário, na úlcera do duodeno (intestino delgado) a dor e outros sintomas surgem sobretudo quando o estômago está vazio.

Na úlcera de pressão, os sintomas e sinais variam, podendo começar com uma descoloração da pele e evoluir para uma ferida aberta mais ou menos profunda, com sangramento e infeção.

Na úlcera das pernas de origem venosa, verifica-se dor e inchaço, que se agravam ao final do dia e melhoram com a elevação da perna. Quando a origem é arterial, existe dor intensa, mesmo em repouso, que se acentua com a elevação da perna.

 

Causas

Para a úlcera péptica, as causas mais frequentes são a presença da bactéria Helicobacter pylori e a toma continuada de determinados fármacos, como antiagregantes plaquetários (caso do ácido acetilsalicílico, vulgarmente conhecido como aspirina) e anti-inflamatórios não esteroides (como ibuprofeno, naproxeno, entre outros). O stress não causa necessariamente úlcera, ainda que possa agravá-la.

Já as úlceras de pressão são, como o nome indica, provocadas por pressão, torção e/ou atrito, mas existem outros fatores de risco, como uma pele frágil ou doenças como a diabetes.

Por sua vez, as úlceras das pernas têm na sua base problemas venosos ou arteriais.

 

Diagnóstico

Perante sintomas suspeitos, o médico pode prescrever alguns exames, tais como análises ao sangue, endoscopia (permite a visualização da zona afetada através da introdução de um tubo flexível chamado endoscópio), ecodoppler e outros exames complementares.

 

Tratamento de úlceras

A maior parte das úlceras pépticas trata-se apenas com a toma de medicamentos antiulcerosos e antiácidos (para diminuir a acidez no trato gastrointestinal) e antibióticos (para erradicar a bactéria Helicobacter pylori), bem como pela suspensão da toma de anti-inflamatórios não esteroides ou outro fármaco que possa estar na origem do problema. Aconselha-se a parar de fumar e de beber álcool. A cirurgia está reservada para as complicações (como perfuração ou obstrução).

Na úlcera de pressão, a prevenção é o melhor remédio. Quando já não é possível prevenir, o tratamento passa pela limpeza e desinfeção, bem como por antibióticos para curar uma eventual infeção por bactérias.

Na úlcera venosa, a compressão da perna (com ligaduras ou meias) permite reduzir a pressão venosa e diminuir o edema. É importante tratar os fatores de risco associados, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado.

Publicado a 23/05/2018