Doença cardíaca na gravidez

No países ocidentais o risco de doença cardiovascular na gravidez aumentou devido ao aumento da idade materna na primeira gravidez e ao aumento da prevalência dos factores de risco cardiovasculares (diabetes, hipertensão e obesidade). Atualmente, estas doenças constituem a primeira causa de morte materna durante a gravidez.

 

A hipertensão arterial (HTA) é o evento cardiovascular mais frequente durante a gravidez (ocorre em 6 a 8% de todas as gravidezes). Durante a gravidez a doença cardíaca congénita é a doença cardiovascular mais frequente, estando presente em 75 a 82% dos casos.

 

Nos países não ocidentais a doença valvular reumática é a causa mais importante de doença cardiovascular (56-89%).

 

A gravidez é responsável por alterações fisiológicas, nomeadamente o aumento do volume plasmático (40%), o aumento do débito cardíaco (30-50%), o aumento da frequência cardíaca e a diminuição da pressão arterial dado a vasodilatação ativa mediada pelo óxido nítrico e prostaciclinas. A gravidez induz ainda um estado de hipercoagulabilidade com consequente aumento do risco de eventos tromboembólicos.

 

As alterações fisiológicas da gravidez influenciam a avaliação e interpretação da patologia cardiovascular e devem ser consideradas, quer nas patologias cardíacas congénitas e adquiridas, quer nas desordens cardiovasculares, nomeadamente a hipertensão arterial e arritmias.

 

O conhecimento dos riscos associados com a doença cardiovascular durante a gravidez é muito importante para o aconselhamento preconcepção, pois o número de mulheres que desenvolve problemas cardíacos na gravidez está a aumentar.

 

Consulta de Cardiologia

O cardiologista tem um papel importante no diagnóstico, seguimento clínico e tratamento destas mulheres, trabalhando em conjunto com outros profissionais médicos, nomeadamente o obstetra e o(a) médico(a) de medicina geral e familiar.

Neste contexto a consulta de cardiologia deve fazer do processo de avaliação da mulher com patologia cardíaca, quer no aconselhamento e detecção de risco cardiovascular preconcepção, quer no seguimento clínico materno durante a gravidez.

Assim devem ser referenciadas à consulta de cardiologia, as mulheres com patologia cardíaca que se encontram grávidas ou que pretendam engravidar.

 

Destacam-se algumas das patologias a referenciar durante consulta:

  • HTA crónica ou gestacional
  • Arritmia
  • Patologia valvular adquirida com ou sem prótese valvular
  • Doença coronária e síndroma coronária aguda
  • Endocardite infecciosa
  • Miocardiopatia hipertrófica
  • Anomalias cardíacas congénitas (defeitos do septo auricular e ventricular, tetralogia de Fallot entre outros)
  • Hipertensão pulmonar
  • Doenças da aorta (síndroma de Marfan, por exemplo)
  • Miocardiopatia periparto
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