O que é?

O cancro do estômago é um dos tipos de cancro do sistema digestivo.

As células epiteliais do estômago são as responsáveis pela constituição do tecido epitelial do estômago, a mucosa.

No seu estado normal, estas células crescem e dividem-se em novas células, que são formadas à medida que vão sendo necessárias, este processo chama-se regeneração celular.

Quando as células perdem o mecanismo de controlo e sofrem alterações no seu genoma (DNA), tornam-se células de cancro, que não morrem quando envelhecem ou se danificam, e produzem novas células que não são necessárias de forma descontrolada, resultando na formação de um cancro.

Ao contrário das células normais, as células de cancro do estômago não respeitam as fronteiras do órgão, invadem os tecidos circundantes e podem disseminar a outras partes do organismo. A este processo dá-se o nome de metastização.

O cancro do estômago tem origem habitualmente nas células da camada interior do estômago. Com o tempo, o cancro pode invadir a parede do estômago, e espalhar-se pela camada exterior podendo invadir órgãos como o fígado, o esófago, o intestino, bem como os gânglios linfáticos próximos.

Prevenção

A prevenção do cancro do estômago passa pela prática de hábitos saudáveis, como manter uma dieta equilibrada, rica em peixe, aves, fruta e vegetais, e livre de alimentos fumados, salgados ou conservados em vinagre, bem como carnes gordas e seus derivados.

Passa ainda por abandonar o consumo de tabaco e álcool, fazer exercício regular de forma a controlar o peso.

Não estão instituídas práticas de diagnóstico precoce do cancro do estômago.

Fatores de Risco

Qualquer comportamento ou condição que aumenta o seu risco de ter uma doença é um fator de risco. Embora possa apresentar um ou mais dos fatores de risco que se seguem para o cancro do estômago, não quer dizer que venha a desenvolver a doença.

Por outro lado, o inverso também se aplica, ou seja, se não tiver quaisquer fatores de risco para cancro do estômago, não significa que não possa vir a desenvolver esta doença.

Para o cancro do estômago, os mais frequentes são:

  • Infecção por Helicobacter Pylori – embora a evidência não indique que as úlceras do estômago sejam um factor de risco para o cancro do estômago por si só, alguns estudos sugerem que a bactéria Helicobacter pylori – causadora de inflamação (gastrite) e úlceras no estômago - constitui um importante factor de risco para o desenvolvimento do cancro do estômago

 

  • Inflamação do estômago, gastrite crónica, em especial a gastrite atrófica (associada a um tipo de anemia chamado perniciosa)

 

  • Alteração do epitélio do estômago para um epitélio parecido como do intestino, chamado metaplasia intestinal

 

  • Presença de pólipos do estômago, seja no contexto de polipose familiar sejam como evento isolado. Uma polipose familiar é uma condição genética em que há uma mutação dum gene que leva ao aparecimento de centenas de pólipos no intestino e estômago

 

  • Antecedentes familiares - ter um parente de primeiro grau (pai, mãe ou irmãos) que tiveram cancro do estômago

 

  • Ter uma alimentação rica em alimentos fumados e pobre em vegetais e fruta; estudos recentes sugerem que os alimentos grelhados e os churrascos podem aumentar o risco de cancro do estômago

 

  • Ingestão de alimentos que não foram armazenados e preparados de forma adequada, nomeadamente os alimentos conservados por fumeiro, secagem, salga ou vinagre

 

  • Idade - o cancro do estômago é mais comum em pessoas com mais de 55 anos

 

  • Ser do sexo masculino – o cancro do estômago tem uma incidência duas vezes superior nos homens face às mulheres

 

  • Raça – o cancro do estômago é mais comum na raça negra do que na branca

 

  • Tabagismo

 

  • Consumo de sal
     

Sintomas

Os sintomas de cancro do estômago não são exclusivos, podem aparecer noutras doenças. O fato de ter um ou mais dos sintomas aqui descritos não significa que tem cancro do estômago.

Deverá estar atento e consultar o seu médico se tiver os seguintes sintomas:

Sintomas dos estadios iniciais de cancro do estômago:

- Indigestão ou desconforto gástrico
- Enfartamento depois de comer
- Discreta náusea
- Perda de apetite
- Sensação de queimadura (pirose)

Sintomas dos estadios avançados de cancro do estômago:

- Sangue nas fezes
- Vómitos
- Perda de peso sem razão
- Dor gástrica
- Icterícia
- Acumulação de líquido na cavidade abdominal (ascite)
- Dificuldade em engolir

A quem me devo dirigir ?

Em caso de suspeita de cancro, devido a sintomas ou a um exame complementar de diagnóstico que apresente uma alteração, deve dirigir-se a um Gastrenterologista, a um Cirurgião Geral ou em alternativa, menos habitual, a um Oncologista.

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Subtipos de cancro do estômago

Os cancros do estômago podem ser de vários tipos:

Adenocarcinoma - é o cancro de estômago mais frequente, representando cerca de 95% do total. Neste tipo de cancro a origem das células é o epitélio;

Linfoma do estômago - tem origem nas células de tecido linfóide, glóbulos brancos do estômago;

Sarcoma do estroma gastrointestinal (GIST) - cancro dos tecidos da parede do estômago que não são nem epitélio nem músculo. É um tumor do tecido conjuntivo.

 

Os adenocarcinomas do estômago podem apresentar-se nos seguintes subtipos:

 - Intestinal: Os adenocarcinomas do estômago de tipo intestinal são parecidos com o epitélio glandular do intestino, daí terem indicação de “bem diferenciado” ou “moderadamente diferenciado” por vezes escrita no relatório de Anatomia Patológica. No relatório de Anatomia Patológica podem estar palavras como tubular, papilar ou mucoso (produtor de muco);

- Difuso: Estes adenocarcinomas do estômago não parecem glândulas, podem por isso ser descritos no relatório de anatomia patológica com a palavra “indiferenciado” associada ao diagnóstico. Estes tumores podem não formar uma lesão arredondada na mucosa gástrica mas ter um aspecto de infiltração difusa da parede do estômago a que se chama linite plástica.

Diagnóstico

Num doente com história clínica e exame clínico sugestivos de cancro do estômago, devem ser pedidos alguns exames para confirmar ou despistar essa suspeita.

Para efetuar o diagnóstico do cancro do estômago, são habitualmente executados os seguintes exames:

  • Exame físico: o seu médico irá observa-lo palpando o abdómen para detectar a presença de fluidos, inchaço ou outras alterações, bem como verificar a existência de gânglios linfáticos aumentados

 

  • Pesquisa de sangue oculto nas fezes: o cancro do estômago pode provocar hemorragias, embora outras patologias benignas possam igualmente provocar sangue nas fezes como é o caso das hemorróidas. A pesquisa de sangue oculto nas fezes permite detectar a presença de hemorragia, e caso se confirme são necessários exames adicionais para encontrar a sua origem

 

  • Endoscopia digestiva alta: trata-se de exame ao estômago e esófago que consiste na introdução de um tubo fino e iluminado – gastroscópio - inserido através da boca, passando pelo esófago até ao estômago. 

 

  • No caso do médico detectar pelas imagens do gastroscópio a presença de alguma alteração suspeita do estômago, irá efectuar a colheita de tecido para análise, ou seja, efectua uma biopsia gástrica. Após a colheita dos tecidos suspeitos, os mesmos são enviados para o laboratório de Anatomia Patológica para serem analisados ao microscópio e verificar a presença de células de cancro.

Só a biopsia do estômago observada ao microscópio pela Anatomia Patológica permite o diagnóstico de cancro do estômago.

Estadiamento

O estadiamento é o processo pelo qual avaliamos se células do cancro se espalharam do estômago para outras estruturas próximas ou mais distantes. A informação obtida pelo processo de estadiamento determina o estadio da doença, fundamental para o planeamento do tratamento.

No caso do cancro do estômago podem ser pedidos:

  • Exames de imagem como a TAC;
     
  • Exames endoscópicos como a ecoendoscopia (exame que consiste numa ecografia realizada no interior da cavidade gástrica através de um gastroscópio);
     
  • Exames cirúrgicos como a laparoscopia. Pode ser útil fazer este procedimento cirúrgico porque se faz um estadiamento o mais preciso possível da doença abdominal. A laparoscopia faz-se com a ajuda duma câmara que é inserida na cavidade abdominal através de uma incisão na pele, e assim podem ver-se os órgãos melhor do que em qualquer exame de imagem.

O estadio do cancro do estômago pode ser classificado da seguinte forma:

Estadio 0 - há presença de células de cancro na mucosa, também chamado de carcinoma in situ, porque está no seu sítio;

Estadio I - o cancro invadiu até à submucosa e pode ter invadido 1 a 2 gânglios linfáticos;

Estadio II – o cancro invadiu até à camada serosa e pode ter invadido até 7 ou mais gânglios linfáticos;

Estadio III - o cancro invadiu órgãos vizinhos como o baço, o colon, o fígado, o diafragma, o pâncreas, os rins, as glândulas suprarenais ou o intestino delgado;

Estadio IV - o cancro espalhou-se para órgãos à distância.

Tendo em conta o estadiamento

A equipa clínica multidisciplinar avaliará o melhor tratamento a seguir caso a caso:

Estadios 0 e I – a opção de tratamento é a cirurgia, através da realização de uma gastrectomia;

Estadio II e III – a opção de tratamento inclui para além da gastrectomia, a quimioterapia; eventualmente poderá recorrer-se à radioterapia;

Estadio IV - a opção de tratamento consiste na quimioterapia; eventualmente poderá recorrer-se á radioterapia.

Tratamentos cirúrgicos disponíveis

O procedimento cirúrgico para o cancro do estômago é a gastrectomia, que consiste na remoção parcial ou total do estômago e dos gânglios linfáticos vizinhos. Muitas vezes o estadiamento total da doença só é conseguido após a gastrectomia, pelo que a estratégia terapêutica subsequente à cirurgia apoiar-se-á na análise pela Anatomia Patológica dos gânglios e outros tecidos cirurgicamente removidos.

É uma cirurgia tecnicamente exigente, se lhe foi proposta, deve perceber junto do seu cirurgião este procedimento e esclarecer todas as dúvidas.

A quimioterapia pode preceder a cirurgia ou ser efectuada em complemento da cirurgia (neste caso frequentemente associada a radioterapia) para redução do risco de recidiva.

Follow-up

Os doentes que tiveram cancro do estômago poderão ser seguidos pelo oncologista ou pelo cirurgião no caso de terem sido operados. Os exames de follow-up podem incluir exames de imagem e análises ao sangue.

A perda de peso é constante após uma cirurgia de gastrectomia total ou parcial; problemas nutricionais e deficiências na absorção de ferro e vitamina B12 resultam frequentemente da cirurgia.

Cancro do estômago em números
2 285
casos/ano em Portugal
5,0%
de todos os cancros
+ 50 anos
+ frequente nesta idade
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